Archive for April, 2008

Jardim

Posted: April 28, 2008 in Uncategorized

Hoje deixo-vos um texto de um amigo. Amigo na infância. Amigo na escola. Amigo na idade adulta… dos que eu sei, pelas décadas que já passaram, será amigo para a vida. Chama-se Rui, Rui das Palmas. Este “Jardim” é dele.

“Jardim… Era assim que se chamava. O Jardim passava todos os dias pela minha porta, nem sempre iria bebido, mas quase. De qualquer a forma, era difícil perceber, sempre com os olhos no chão, nunca cumprimentava ninguém, sempre cambaleando um pouco, dado que a idade mesmo sóbrio já não lhe permitia grande liberdade de movimentos.
Do Jardim sei muito pouco. Ao que parece em novo casou com a filha de um abastado industrial aqui da terra. Cedo se percebeu que não iria longe e que a bebida era mais forte do que ele. É claro que o casamento durou pouco e o emprego na câmara municipal também.
Lembro-me de o ver sentado á porta de sua casa, uma velha habitação no centro histórico da vila. Também aí nunca lhe via os olhos. Passava horas a fio a olhar fixamente para a calçada.
Até que houve um dia em que desapareceu. Nunca mais passou pela minha porta, nunca mais se sentou em frente de sua casa. Faleceu, disseram-me.
Sinceramente não senti a sua falta, mas ficará para sempre marcada na minha memória a imagem do Jardim a deambular pelas ruas da vila. Hoje em dia existem mais “Jardins”, já não é o álcool, mas a droga. Quanto ao Jardim mesmo sem o saber ensinou-me uma coisa… ensinou-me que podemos levar uma vida como realmente nos apetece, sem por isso perdermos a dignidade.”

 

palavras

Posted: April 25, 2008 in Uncategorized

Eu nasci assim, filha desta liberdade de palavras e hoje perco-me na incerteza do que fazer com elas… por isso recordo os que tanto disseram amordaçados!

a forma como vejo Deus

Posted: April 23, 2008 in Uncategorized

Fui educada para ser católica, sem extremismos, mas ensinaram-me que Deus nos ama, que é bondoso e generoso. Que Deus criou o Homem e a Mulher como iguais, como complemento. Aprendi a rezar antes de dormir e durante muitos anos cumpri esse ritual. Ensinaram-me a não desperdiçar porque era pecado, porque muitos meninos não tinham a sorte que me cabia, ensinaram-me a agradecer.
Na escola primária, muito no inicio, quase todos os meninos fizeram a primeira comunhão… eu não fiz. Senhora do meu nariz, disse que não queria fazer, não tinha tido catequese como achava ser necessário e não sabia bem o que era a comunhão, assim, não queria fazer. Esperei um ou dois anos, já nem recordo e ao longo desse tempo fui à missa ao domingo de manhã e à catequese ao domingo à tarde. Perdi muitos desenhos animados, mas no inicio isso não era problema, queria saber mais desse Deus que a minha mãe me contava nas histórias que ela aprendera com a minha avó.
Com o passar dos meses, cada vez sentia mais vontade de ver os desenhos animados e não ir à missa. A cada semana a catequese me parecia mais penosa e os mais de 3 km que percorria a pé, sempre que o meu pai por algum motivo não tinha tempo para me pajear, pareciam-me o mais interessante da tarde.
Fiz a comunhão para não desiludir ninguém. E pouco depois acabaram as missas. Hoje continuo a ir à igreja espaço físico, mas afastei-me da igreja instituição. Gosto do silêncio, da paz, gosto de falar com esse Deus em que acredito, mas evito os sermões, a imposição das ideias, a culpa, a ameaça, a hipocrisia.
Percebi ao longo dos anos que o Deus em que a minha mãe acredita, o que ela aprendeu com a minha avó e me transmitiu a mim, não é o que escutei na igreja, nem na catequese. Não é o que vejo na televisão ostentando riqueza quando ao lado se morre de fome. Não é o que constrói catedrais com paredes cobertas de ouro, com o dinheiro dos fieis que mal têm que comer. Não é o que trata Homens e Mulheres de forma diferente, como se fossem seres superiores e inferiores.
O Deus em que eu acredito, não me ama mais por eu fazer uma porrada de km de joelhos, ao lado do meu filho de tenra idade e que já carrega uma cruz de madeira nas costas para pagar uma promessa que eu fiz! O Deus em que eu acredito não aceita a minha chantagem de “dou-te um doce” se me fizeres um favor, se não fizeres, não te dou nada. O Deus em que eu acredito fica feliz comigo quando eu vou à igreja porque tenho vontade e lhe acendo uma vela enquanto lhe digo: “Obrigada, porque estou viva, porque estou capaz e porque eu sempre tenho força.”
O Deus em que eu acredito sabe quando eu errei, quando percebi o meu erro, sabe se tentei modificar-me, sabe! Sabe quem sou! E está-se nas tintas para o facto de eu não ir contar a um Padre, o que a mim apenas diz respeito. Não vejo de que adiantam as confissões e as 3 ou 4 orações rezadas às pressas na ânsia de ir fazer mexerico com a vizinha do lado, sobre uma outra que deve andar a encornar o marido…

 

Nota:
Muitos dos meus leitores são católicos, respeito-os muito, não quero de forma alguma ofender ninguém, quis apenas explicar em traços gerais o meu ponto de vista. Que é verdade para mim, em mim, não tenho pretensão de ser dona das verdades dos outros.

sons

Posted: April 22, 2008 in Uncategorized

Porque hoje, uma vez mais ouvi…

sem paciência

Posted: April 22, 2008 in Uncategorized

Eu sei que a segunda já lá vai e que hoje na prática até é quarta… mas só me falta deitar fumo pelas orelhas!
Se não me aparece aqui ninguém rapidamente, eu fecho a merda da porta e vou plantar-me no café. Isto ou é para todos, ou não é para ninguém!

palmela…

Posted: April 20, 2008 in Uncategorized

16:45h
Trim… trim… trim…
Marta – Estou a entrar em Évora, como faço agora?
Plim – À saída tens um cruzamento que diz Viana.
Marta – Qual saída?
Plim – Humm…
Marta – Não é a de Beja?
Plim – Acho que sim… é…
17:11h
Chegada a Viana, sem espinhas, parecia que tinha feito o caminho a vida toda.
18:25h
Saída de Viana e uns Km depois entrada na auto-estrada em Évora.
Trim… trim… trim…
Cd – Vamos jantar a Lisboa?
Marta – Combinei com a Cátia em minha casa para beber café… comemos qualquer coisa em Vfx.
19:30h
Trim… trim… trim…
Marta – Estou na área de serviço de Vendas Novas. O Cd vai jantar a Vfx, jantamos os 3?
Cátia – Estou a chegar a casa… pode ser, às 9h estou na tua casa.
Uns km à frente, saída para Santarém. Pensamento: Olha, há uma saída para Santarém antes da de Vfx!
E para a frente é que é o caminho… pouco depois, saída para Marateca e Pegões. Pensamento: Se calhar devia sair aqui e ir pela nacional o resto caminho… nahhh!
E siga. Uns km depois: Próxima área de serviço – Palmela – 20 Km. Pensamento: Que engraçado, não me lembrava que a saída de Vfx era tão próxima de Palmela…
Uns minutos depois… pensamento: Que estranho, a saída nunca mais aparece…
Pouquíssimo depois… pensamento: que raio… aquela coisa lá ao fundo parece o castelo de Palmela… hummmmmmm…
Pânico! E já nem pensava (se é que em algum momento pensei)… berrava!
Merda! Aquela merda É o castelo de Palmela! PALMELA!!! Que c******!!! Onde viro? Onde?!?!?! Dasssssss!!!! Tou a ir pra 25 de Abril!!! Que c******!!!
Chuva torrencial e uma placa que me parecia minúscula… saída para a Ponte Vasco da Gama. Pensamento: Do mal o menos…
Trim… trim… trim…
Marta – Estou em palmela.
Cd – Onde?!
Marta – Pal-me-la!!! Só preciso que alguém me chame ursa se faz favor!
Cd – Ursa! (entre risos)
Depois de pensar um bocadinho, mas não muito, não fosse dar-se o caso de me fazer mal à saúde.
Trim… trim… trim…
Marta – Olha, queres ir comer uma pita ao Vasco da Gama?
Cátia – Estava a pensar nisso. Vou sair agora.
Marta – Então encontramo-nos no Vasco da Gama ok? É que eu estou em Palmela…
Cátia – Palmela?!?!
Logo em seguida.
Trim… trim… trim…
Marta – Olha, jantamos em Lisboa? Vamos às pitas no Vasco da Gama.
Cd – Tá bem.
Minutos depois… pensamento: Hummm… acho que não há pitas no Vasco da Gama… nahhh… deve haver, se não houvesse eles diziam-me!
8,15€ de portagem da auto estrada, 2,25€ da ponte, alguns litros de gasolina, 3 voltas ao estacionamento da gare do Oriente e kg de asneiras depois, lá estacionei.
Em plena gare uma feira das habituais, com a particularidade de estar cheia de tendas para leitura de tarot. Pensamento: Vou entrar… sempre quero ver o que as cartas me dizem…
Mas foi ai que me lembrei do sketch dos Gato Fedorento… não valia a pena entrar, eu já sabia… as cartas iam dizer: ISTÚPIDAAAAAA!!!

 

Nota final: Não havia pitas… pelo menos das que eu queria comer!!! 👿

sentidos

Posted: April 18, 2008 in Uncategorized

A semana passada revi este filme e tal como nas outras vezes, e já foram umas quantas, gostei! Gostei muito!
Não se trata de duração, trata-se de intensidade. Trata-se de termos o mundo todo na palma da nossa mão. Trata-se de saborear um momento, descobrindo-lhe todos os gostos, apreciar o agridoce. Trata-se de reconhecer um aroma no vento. Trata-se de ouvir com os outros sentidos. Trata-se de ver onde o nosso olhar não alcança. Trata-se de viver.
Eu não queria mil anos de vida vazia… prefiro assim, ais, gritos e gargalhadas.
Prefiro saber o sabor da dor aguda que me esmaga o peito, aquela que intervala com a dança dos sentidos, dos manjares dos deuses. Prefiro esta luta por me manter à tona da água, a nunca sentir o mar a bater-me nos pés, a roubar-me o chão…

força

Posted: April 15, 2008 in Uncategorized

Para vocês que o dia hoje vai ser difícil… muito difícil, FORÇA!
Sabem-no, mas apetece-me dizer-vos que entendo… por vezes temos que encontrar coragem para fazer o que é necessário, não o que gostaríamos.
Sei que não vos digo isto habitualmente, talvez nem nunca o tenha dito com estas letras todas, mas sei que sabem, sinto que sim.
Acima de tudo admiro-vos a coragem, a garra, a luta… um dia quando eu for grande, gostava de ser assim!

cansada

Posted: April 15, 2008 in Uncategorized

Estou cansada.
Começo a sentir que estou demasiado cansada…
São pequenas coisas, uma série de pequenas coisas, que numa fase menos desgastada me fariam apenas rir. Acontece que uma fase menos desgastada, nesta área, não aparece por estas bandas há algum tempo.
Vão-me salvando os meus escapes à loucura, o meu humor retorcido…

Vocês todos, de igual, mas diferente forma fazem parte desses escapes, considerem-no um elogio!

férias

Posted: April 14, 2008 in Uncategorized

Preciso de férias, mas não sei que escolher…
Numa mão, tenho um panfleto com a tentadora atmosfera tóxica de Vénus, quentinha… na outra, as paisagens aconchegantes do gelo de Plutão!